Desapegar nunca foi fácil

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Queria ser como aquelas pessoas que chegam e se despedem com uma facilidade invejável. Distribuem olá com alegria e aceitam o adeus com maestria. Que não se sentem nostálgicas em aeroportos e rodoviárias. Que chegam, aproveitam o momento e levam apenas boas lembranças. Não desejam ficar ou se sentem mal por partir, pelo contrário, nasceram para seguir. Infelizmente, eu não faço parte desse time.
No mês passado, nas minhas férias, fui viajar a um dos lugares mais lindos que já visitei. Além de me divertir, recarreguei as energias através das águas cristalinas de um mar azul e gelado. Contudo, uma semana foi o suficiente para que o apego tomasse conta. Na hora de partir, me vi apegada à cama da pousada, que mesmo com um colchão levemente deformado, me acolheu com muito conforto, após dias cansativos de passeios.
Comecei a sentir falta do “bom dia” dos argentinos, que eram praticamente maioria em uma cidade brasileira. A desejar novamente aquela rotina de sol, mar e muita areia. Desejei não ir embora, apesar da saudade de casa e das pessoas que eu amo. E aí, me vi apegada às coisas, aos lugares, às sensações que cada elemento me trazia. Sobretudo, ao fato daquilo ser passageiro e finito. Tinha data e hora certas para acabar e, por isso, o desejo de torná-lo inesquecível e eterno.
A situação se repete não só com viagens ou lugares. Constantemente, estamos a nos apegar a coisas simples, mas não menos significativas. O cara que começamos a ficar agora, mas que já nos envolve de um jeito especial. Aquele brinquedo de infância que insistimos em guardar. As roupas velhas que fizeram parte de momentos incríveis. Os ingressos daquele show inesquecível. Nos apegamos a fatos, histórias, lembranças.
E diante de tanto apego, fica difícil mesmo seguir. Partir, deixar para trás, esquecer. Queremos que a viagem continue, que o caso se torne amor, que os momentos felizes perdurem. No entanto, não há como estacionar. É preciso seguir para que, dessa forma, novas lembranças sejam criadas. Que venham novos apegos e que eles sejam diferentes dos anteriores.
Felizes são os que não se apegam. Contudo, diante de facilidade e intensidade, prefiro a segunda opção. Faça a sua escolha.
P.s: Texto tirado do blog Sem travas na língua

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