Ser adulto é (muitas vezes) saber desapegar

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Não dá pra negar que, apesar de meio injusta, às vezes, a vida adulta é boa. Temos liberdade, independência financeira, temos nosso próprio cantinho. Talvez seja a parte de mais altos e baixos dessa montanha russa – e, por isso, também a mais emocionante. Eu procuro me divertir ao máximo enquanto estiver nesse carrinho. Até levanto as mãos e grito a pleno pulmões quando preciso.
Esses dias, porém, parei para pensar que a vida adulta tem uma parte muito dolorida: a de desapegar de coisas e pessoas que pensávamos ser impossível viver sem. Você tem um caminho a seguir e nem sempre sua bagagem está de acordo com a ocasião. Por isso, é preciso largar algo e agarrar o novo e adequado para o que está por vir. Não é fácil, porque temos um carinho inestimável por essas formas concretas de memórias. Fotografias. Cartas. Bilhetes. Camisetas. CDs. Bichinhos de pelúcia.
Dizer adeus, então, é um martírio. Algumas pessoas não podem nos acompanhar para sempre, por mais que a gente tente trazê-las a todo custo. Até nos ombros, se for preciso. Mas tem aquele momento definitivo em que você precisa deixá-la. Dizer: “É aqui que você fica” e seguir em frente, juntando todas as suas forças para isso. Eu já quis voltar. Já pensei que não daria. Mas dá. A gente sempre dá um jeito. Aliás, a vida dá. Estrategicamente, põe alguém novo para nos amparar – até chegar a hora de continuar sem essa pessoa também e assim por diante.
Mas pior do que dizer adeus e seguir, é se despedir e ficar. Quando você é o deixado. O desapego. O que fazer quando é você que não cruza a linha do momento definitivo? Pensei nisso essa semana porque, bem… Porque eu fui deixada. De novo. Meus melhores amigos tiveram que me deixar. E dói, mas que se há de fazer? É assim que acontece. Eu fiquei.
É doloroso para os dois lados, claro. Mas quem vai tem sempre o novo para se distrair. Novas aventuras. Novas pessoas. Novas oportunidades. Novos caminhos. Para quem fica, sobra o mesmo. As lembranças. Passar por frente da casa e recordar de tudo que foi vivido ali. Lembrar, vividamente, daquelas disputas de queimadas e de quem era o melhor no esconde-esconde. Reviver é bom, mas dá aquela pontada no coração.
Claro que ficamos felizes por quem vai. Por quem achou um novo rumo e seguiu. Não deixaremos de ser menos amigos por causa disso. Acho, na verdade, que isso só aumenta e reforça a amizade. Teste. Mas eu choro de saudade da convivência diária, porque, algumas coisas, só os melhores amigos entendem. Não é pai, não é mãe, não é namorada ou marido. É aquela pessoa com quem viveu a experiência com você. Com quem guarda aquele segredo até hoje.
Eu fiquei em mais um caminho. E, por mais que esteja doendo agora, eu sei que vai passar. E que as conversas vão continuar frequentes, graças à tecnologia que ajuda a matar um pouco da saudade. E, outra: Quem sabe, lá pra frente, a gente não volte a se cruzar? Afinal, montanhas russas também tem loopings, não é?
P.s: Texto lindo que me identifiquei muito tirado do blog http://www.cerejanoombro.com

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