Finalmente um texto pra você

Pois é, eu resisti em te escrever um texto. Resisti
porque eu me conheço bem. Cada um que inspirou um texto meu até agora, teve um
espaço bem significativo no meu coração. Com você, eu neguei esse espaço até
onde consegui. Neguei porque, diante da impossibilidade de te ter por inteiro,
eu já conseguia prever o sofrimento. No entanto, sinto dizer, mas minhas forças
se esgotaram. Eu não consigo mais negar que há sentimento.
E tenho raiva de mim por isso. Por ter sido fraca, por
ter me deixado levar pelas emoções quando, nesse caso, a razão era totalmente
imprescindível. Mas aí, teve aquele dia que você me abraçou e secou as minhas
lágrimas quando o trabalho tinha sido bem difícil. Aquele dia em que você me
ouviu, mesmo sem saber me ajudar, mas já ajudando. Tem a forma com que você me
conhece, mesmo em tão pouco tempo. Tem tanta coisa que me impede de seguir a
razão, sabe.
A impossibilidade é um fator que aumenta ainda mais a
atração, como eu já disse em textos anteriores. Não poder te ter, talvez, reforce mais a minha vontade. No entanto, vai
além disso tudo. Não é só atração física. Não é só um desafio. É, sobretudo, um
reencontro. Afinal, parece que a gente voltou a se encontrar, mesmo sem nunca
ter se visto antes. Estranho, não? Tem coisas que não dá pra explicar, por mais
que eu tente.
Estar de mãos atadas nem sempre é não saber o que
fazer. Eu sei exatamente o que fazer, mas não consigo. Talvez me falte força
ou, quem sabe, é só um desejo inconsciente de me testar. De ver até onde eu
consigo ir, até onde eu dou conta de “bancar”. O sofrimento pode ser sim, uma
consequência inevitável, mas em algum momento, ele é sinal de intensidade. De
que é preciso estar disposto a viver, por mais que doa muito depois.
Com isso, acabo de me perder ao assinar esse texto.
Acabo de assumir de vez o que sinto. No entanto, é a primeira vez que extingo
toda e qualquer ilusão. Estou completamente ciente do terreno em que estou
pisando. Ele pode ser uma areia movediça, em que me afundo a cada passo que
dou. Ou, pode ser uma espécie de cama elástica que, a cada pulo, me joga para o
alto e me instiga a pular novamente. A única opção é arriscar.
Então me dê cá a sua mão e vamos nos jogar juntos.
Vivendo um dia após o outro. E que o acaso nos deseje sorte. É só o que eu peço
nesse momento.
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