Amor é ninho e não gaiola

Às vezes, amamos tanto que dá vontade de
“guardar em um potinho”. De deixar lá, para admirar, proteger e livrar dos
sofrimentos e ameaças do mundo lá fora. Mas aí, o pote, mesmo rodeado de muito
amor e carinho, torna-se prisão. E é o que também acontece com os pássaros.
Quando eles são poupados do habitat natural e da própria liberdade, sucumbem.
São colocados em gaiolas e, apesar do melhor cuidado, não resistem.
Por isso, há um sério risco quando o amor se
torna gaiola. A partir do momento em que isso acontece, ele deixa de ser
aconchego para se tornar um peso. Deixa de ser liberdade para se tornar prisão.
Deixa de trazer sorrisos, para trazer lágrimas e discussões. Para que ele seja
ninho, deve haver respeito entre as individualidades de cada pessoa. O amor
deve andar lado a lado da liberdade e, em nenhum momento, se tornar maior do
que ela.
No entanto, a teoria é um pouco mais simples e
fácil do que a prática. É complicado não confundir amor com posse. Entender que
o outro tem o seu próprio tempo, as suas particularidades, a própria vida.
Apesar de fazermos parte da vida do outro, ela é exclusivamente dele, pois já
existia muito antes de estarmos presente. Mas, como o coração é tolo e burro em
alguns momentos, ele parece não entender que amar não é controlar.
E nem sempre é nossa culpa ser assim. A grande
razão em colocar alguém em uma “gaiola” está na insegurança. O receio de perder
e de se sentir ameaçado por outras pessoas só deixa claro a insegurança que se
tem. Esta que deve ter causas mais sólidas na infância, na adolescência ou em
situações traumáticas da vida. Ninguém nasce desejando ser inseguro. Queremos
autoconfiança, segurança e autoestima, mas isso, nem sempre acontece, em 100%
do tempo.
Portanto, é essencial detectar o que nos deixa
inseguro. Aquilo que é realmente a causa de uma briga, apenas porque ele
resolveu sair com os amigos. Ou porque ficamos tão magoados se não estamos
juntos da pessoa amada. Se queremos prender alguém, é porque tememos algo. E
temer é um problema exclusivamente nosso, independente do que o outro faça ou
deixe de fazer.
É preciso confiar, apesar do medo. É na
liberdade que o outro pode identificar a grandeza do que realmente sente e, a
partir disso, voltar para o nosso abraço. E aí, é possível fazer do amor um
ninho, em que podemos nos deitar no colo um do outro e desfrutar da sensação de
amar e ser amado.
P.s:
Texto incrivelmente lindo tirado do blog que amo SEM TRAVAS NA LÍNGUA
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